As doenças renais são um grande problema de saúde como um todo, mas especialmente para a saúde animal. Por isto observamos um empenho cada vez maior dos pesquisadores na procura de novas tecnologias e soluções para conseguir lidar melhor com essas patologias. Após muitos estudos e aperfeiçoamentos tecnológicos surgiu um novo super marcador que veio para revolucionar o diagnóstico renal: a Cistatina C.
O que é a Cistatina c?
Trata-se de uma proteína de peso molecular baixo, produzida no organismo de forma constante, com baixa variabilidade individual, sem ligação a proteínas plasmáticas, sem excreção e reabsorção tubular e sem catabolismo e depuração extra-renais.
Além disso a Cistatina C não é afetada por raça, peso, idade, sexo, alimentação e processos inflamatórios. Ela tem alta correlação com a taxa de filtração glomerular e apresenta muita precocidade em relação a creatinina, o que vem ao encontro de algo há muito tempo buscado nas pesquisas científicas.
Outro ponto importantíssimo da Cistatina C é que ela está presente em todas as células nucleadas do organismo e tem um papel crucial no catabolismo intracelular de peptídeos e proteínas. Ela inibe as proteases excretadas dos lipossomos de células rompidas, protegendo o tecido conjuntivo.
Ela também tem produção em ritmo constante, é livremente filtrada pelos glomérulos e metabolizada pelas células do túbulo proximal distal. Na inexistência de lesão tubular a Cistatina C é reabsorvida pelo túbulo proximal.
Desde que foi descoberta, em 1985, a Cistatina C tem sido estudada, mostrando-se como um marcador endógeno promissor para avaliar a TFG e consequentemente auxiliar no diagnóstico precoce da DRC.
IRA e DRC, dois grandes problemas na veterinária
A insuficiência renal aguda (IRA) e a doença renal crônica (DRC) são hoje os problemas mais prevalentes na medicina veterinária e decorrem de diversas causas como a alimentação inadequada, a ingestão insuficiente de líquidos, intoxicação por medicamentos ou drogas, doença periodontal, doenças infecciosas, dentre outras.
Vamos entender como a Cistatina C pode auxiliar os médicos veterinários no diagnóstico e tratamento dessas patologias, mas antes, algumas considerações sobre estes dois grandes temas, super pertinentes e frequentes em qualquer clínica ou hospital veterinário:
Um olhar breve sobre a IRA
A Insuficiência renal aguda (IRA) é uma síndrome caracterizada pelo declínio abrupto da função renal que resulta na incapacidade dos rins de excretar os resíduos metabólicos e controlar o equilíbrio eletrolítico e ácido básico.
As causas da IRA podem ser divididas em 3:
Pré-renais: processos que diminuam o fluxo sanguíneo renal e consequentemente a perfusão. EX: desidratação, hemorragias, insuficiência cardíaca, uso exacerbado de diuréticos.
Renais: a classificação ocorre de acordo com o local afetado: túbulos, interstício, vasos ou glomérulos. Ex: nefro toxinas (antimicrobianos aminoglicosídeos), quimioterápicos, contrates radiológicos, anti-inflamatórios, reações alérgicas a drogas, doenças infecciosas.
Pós-renais: ocorrem por obstrução das vias urinária. Ex: cálculos, tumores, hipertrofia prostática, precipitação de cristais, drogas.
De acordo com os autores citados, 20% dos casos de IRA não são passíveis de detecção da causa, o que pode tornar todo o processo de diagnóstico e tratamento ainda mais complicado.
Doença renal crônica – uma patologia irreversível
Diferentemente do que foi dito sobre a IRA, a DRC tem perda definitiva e irreversível de massa funcional e/ou estrutural de um ou ambos os rins, com redução de até 50% da taxa de filtração glomerular.
Consideramos como DRC a lesão renal persistente por um período mínimo de 3 meses. Os sinais clínicos da DRC podem permanecer silenciosos até que o paciente apresente o estágio final da doença o que, evidentemente, dificulta o diagnóstico e o tratamento dos animais.
Sobre suas causas, ela pode se desenvolver por um processo normal de envelhecimento com declínio da função renal ou por diversas outras enfermidades como doença periodontal, diabetes, endocrinopatias, infecções, hematozoários, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva ou mesmo por predisposição genética.
Busca-se tanto um diagnóstico precoce para a DRC porque ele é fundamental para indicar o tratamento adequado e assim evitar a progressão da doença aumentando a qualidade de vida dos animais. Animais diagnosticados com DRC necessitam de monitoramento e assistência constantes.
Cistatina C, IRA e DRC: uma relação revolucionária
Como adiantamos, estudos recentes na medicina veterinária têm proporcionado avanços significativos no diagnóstico e acompanhamento de doenças renais em cães, sendo os principais deles, IRA e DRC.
Um dos principais estudos científicos realizados, que você pode conferir em mais detalhes clicando aqui, explorou os resultados da Cistatina C como marcador modelo e também a sua contribuição para um diagnóstico mais rápido e preciso dessas doenças, possibilitando um tratamento efetivo a elas.
Cistatina C e IRA
Estudos realizados em cães internados em UTI, com alto risco de desenvolver IRA, revelaram que a dosagem de Cistatina C é eficiente na identificação precoce de animais com essa condição.
A metodologia de análise foi empregada a um grupo de 28 cães em estado crítico, que foi comparado a um grupo controle de 19 cães saudáveis, utilizado para estabelecer os valores de referência.
A dosagem de creatinina e Cistatina C foi realizada nos tempos 0, 24, 48 e 72 horas da internação, juntamente com a medição do débito urinário. Os critérios da IRIS, referência mundial para diagnóstico e tratamento de patologias renais (conheça-os aqui), foram usados para classificar a IRA.
Os resultados mostraram que 67,9% dos cães apresentaram IRA com base nos critérios da IRIS, enquanto 78,6% apresentaram resultados elevados de Cistatina C. Isso comprova que a Cistatina C é um marcador mais sensível para a detecção precoce da IRA.
Cistatina C e DRC
Em outra face do estudo, estudo envolvendo cães diagnosticados com DRC em estágios iniciais, a Cistatina C também se mostrou eficaz na detecção da doença.
Foram avaliados 41 cães com DRC estável, juntamente com um grupo controle de 10 cães saudáveis. A dosagem de creatinina, Cistatina C e SDMA foi realizada para o estadiamento da DRC, de acordo com os critérios da IRIS.
Os resultados revelaram que a Cistatina C apresentou a maior sensibilidade na detecção dos estágios I e II da IRIS, enquanto a creatinina e o SDMA não mostraram correlação significativa.
Além disso, a Cistatina C demonstrou maior sensibilidade do que os indicadores convencionais em pacientes com DRC.
Uma conclusão surpreendente
Os estudos demonstram que a dosagem de creatinina, amplamente difundida, é menos sensível na detecção precoce de doenças renais em cães. A Cistatina C, por outro lado, revelou-se um marcador eficiente para identificar tanto a IRA quanto a DRC em estágios iniciais.
Sua dosagem pode auxiliar na intervenção e tratamento precoces, melhorando a qualidade de vida dos animais. É importante ressaltar que a mensuração da creatinina ainda é relevante para avaliar a progressão da lesão renal ao longo do tempo.
No entanto, a Cistatina C destaca-se como uma ferramenta crucial no diagnóstico e estabelecimento de terapias efetivas para doenças renais em cães.
Como realizar o teste de Cistatina C?
A Foco Vet comercializa os melhores equipamentos para diagnóstico in vitro de diversas categorias (hematologia, bioquímica, urinálise e muito mais). A Cistatina C é uma testagem realizada utilizando a tecnologia de Imunofluorescência, encontrada em nosso analisador Imunofoco IF 1000.
Trata-se de um analisador de imunofluorescência que permite a execução de uma ampla gama de testes, dentro da própria clínica, hospital ou laboratório, de forma prática, eficaz e com muita economia.
São diversos testes disponíveis que auxiliam o diagnóstico, o acompanhamento de doenças e dos procedimentos clínicos, com maior eficiência, rapidez e efetividade, para que o médico veterinário possa tomar decisões de forma ágil e com toda precisão.
Dentre eles destaca-se, justamente a Cistatina C. Disponível para cães e gatos, a Cistatina C do equipamento Imunofoco trabalha com anticorpos específicos para cada espécie, com alto coeficiente de detecção e uma linha de classificação simples e baixa para a determinação na injúria renal, menor que 1,2 mg/l para cães e menor que 7 mg/l para gatos.
São somente 3 passos simples para a realização do teste, baixo volume de amostra (10 µL para cães e 75 µL para gatos) e 10 minutos para o resultado. Uma verdadeira revolução do diagnóstico da IRA e DRC.
Para saber mais, contate-nos pelo botão do whatsapp ao lado ou clique aqui.
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