A bioquímica veterinária se tornou um dos maiores e mais definitivos pilares para se atingir um diagnóstico acurado, prestes e de qualidade. Reflexo disso é tudo o que a área tem ganhado em atenção, por parte dos veterinários, e em tecnologia, por parte das grandes fabricantes de soluções para diagnóstico.
A interpretação coerente dos resultados traz respostas importantes sobre a fisiologia do animal, suas doenças carenciais e metabólicas, sobre o estado dos seus processos endócrinos e muito mais. E a grande chave para esta compreensão está nos parâmetros bioquímicos (veja os parâmetros da hematologia veterinária clicando aqui).
Em perfis completos ou vindo de forma unitária, eles surgem em diversas configurações e podem ser confusos a olhares menos treinados. Por esta razão, preparamos este material, que traz alguns dos mais importantes parâmetros da bioquímica veterinária. Confira!
Pegamos como base para este artigo, os parâmetros que aparecem na forma single do equipamento VB1 vet, o mais novo lançamento em bioquímica seca no mercado brasileiro. Não requerendo sequer centrifugação em seus perfis mais completos e operando em total capacidade mesmo em amostras com lipemia, hemólise ou icterícia, o VB1, juntamente com seus rotores, é o equipamento ideal para qualquer clínica, consultório ou hospital veterinário. Clique aqui para saber mais.
Creatinina
Um dos mais conhecidos parâmetros da bioquímica veterinária, a creatinina é formada irreversivelmente pelo metabolismo não enzimático da creatina e da fostocreatina no músculo. Ela não é produto da quebra de aminoácidos como a ureia, mas é dependente da velocidade de síntese de creatina e massa muscular.
Ela se difunde por todos os compartimentos líquidos do organismo e é excretada principalmente pelos rins. É livremente filtrada pelos glomérulos e não sofre reabsorção ou secreção significativa pelos túbulos renais em condições normais. Como a produção de creatinina é relativamente constante e é pouco influenciada por variáveis extrarrenais, os aumentos na concentração sérica indicam redução da excreção renal (taxa de filtração glomerular alterada).
Pode-se encontrar a creatinina aumentada na hipovolemia, hipotensão, doenças cardíacas, insuficiência renal (independentemente da causa) e obstruções renais, entre outras patologias.
Ureia
Outro parâmetro bioquímico muito valorizado pela veterinária brasileira. A ureia é sintetizada no fígado a partir da amônia e se difunde rápida e passivamente para todos os compartimentos líquidos do corpo. Ela é excretada principalmente pelos rins e pode sofrer reabsorção passiva nos túbulos renais.
Também pode estar alterada na ingestão proteica elevada ou diminuída, hemorragias do trato gastrointestinal, nos estados catabólicos que resultam na degradação de proteínas do corpo, nas alterações pré-renal, renal e pós-renal, doenças hepáticas graves e diabetes, entre outros.
Para se obterem informações detalhadas da função renal, a ureia deve ser mensurada juntamente com a creatinina plasmática.
Cloro
Os cloretos são os ânions mais abundantes do líquido extracelular e são fundamentais na distribuição da água no organismo e no balanço ânion/cátion. O bicarbonato e o cloro plasmático têm, frequentemente, recíproca relação entre acidose e alcalose.
O excesso de cloro pode causar acidose metabólica hiperclorêmica (perda da função renal, hiperventilação, desidratação), assim como a diminuição das concentrações de cloro podem causar alcalose (administração excessiva de diuréticos, perda de fluidos gástricos, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca congestiva).
Sendo assim, torna-se um teste fundamental na avaliação e acompanhamento do metabolismo e das respostas dos tratamentos utilizados.
Bilirrubina Total
A bilirrubina é um subproduto do metabolismo da heme da hemoglobina, formado através da destruição das hemácias velhas (70 a 80%), fontes hepáticas (15%) e destruição de hemácias defeituosas na medula óssea e nos citocromos.
Ela circula no sangue, ligada à albumina sérica, sendo liberada no fígado, metabolizada e excretada na bile. A bilirrubina é uma prova importante para a avaliação da função de transporte e excreção do fígado. Ela pode estar alterada nas doenças hemolíticas, insuficiência hepática e colestase.
Por ser uma análise que pode sofrer alteração e degradação rápida da amostra em contato com a luz, a sua execução deve ser imediata dentro do laboratório para garantir um resultado fidedigno.
Lactato
Este é o teste ideal para diagnóstico, monitoramento e prognóstico das condições de acidose láctica (cuidados críticos). O lactato é a forma ionizada do ácido láctico, produzido principalmente pelos músculos, glóbulos vermelhos e células cerebrais durante a produção de energia anaeróbica.
A produção excessiva de ácido lático ocorre durante os casos de hipoperfusões teciduais como choque hipovolêmico, cardíaco ou séptico, isquemias, insuficiência hepática grave, insuficiência renal, hipóxia primária por doença pulmonar, hipóxia tecidual (convulsões, câncer, fármacos e toxinas, entre outros), rabdomiólise e hemoparasitoses.
Assim, o teste é de grande importância e utilidade na avaliação e no prognóstico de animais em atendimento de emergência e que necessitam de terapia intensiva (UTI), como pacientes oncológicos, renais, hepáticos e que sofreram ressuscitação cardiopulmonar.
Amônia
Amônia é produzida principalmente no trato gastrointestinal por ação de bactérias que degradam os aminoácidos da dieta. Em menor quantidade, a amônia é produzida também por praticamente todas as células do organismo.
Ela é convertida em ureia pelo fígado e excretada pelos rins. Como a maior parte da amônia é produzida nos intestinos e removida pelo fígado, o aumento da concentração de amônia no sangue está sempre relacionado ao mau funcionamento hepático.
Dessa maneira, esse é um importante teste para a determinação e avaliação da hiperamonemia em animais, que está usualmente relacionada a distúrbios vasculares do sistema porta, insuficiência hepática (um dos mais importantes testes para essa síndrome), infecções intestinais e urinárias (por bactérias produtoras de uréase) e insuficiência renal com uremia.
Esta é só a primeira parte de uma série de posts em que percorreremos sobre as minucias dos parâmetros da bioquímica veterinária. Compartilhe este post e nos siga em nosso Instagram e Facebook para mais novidades. Até a próxima!