Cistatina C - trabalhos científicos

Cistatina C – conheça o estudo que transformou o diagnóstico de doenças renais

Atualmente a Cistatina C se populariza cada vez mais como um dos marcadores renais mais específicos na veterinária. Isto por conta da realização de uma série extensa de estudos que trabalhavam seu poder diagnóstico em relação à insuficiência renal aguda (IRA) e à doença renal crônica (DRC), e também comparavam sua especificidade em relação aos marcadores mais clássicos (creatinina e SDMA) dentro do contexto dos protocolos da IRIS.

Com resultados surpreendentes e, dada a prevalência das patologias renais, tornou-se importantíssimo para todos os médicos veterinários saber mais sobre esta proteína, que está revolucionando o diagnóstico veterinário.

Neste post vamos discorrer mais sobre um dos trabalhos científicos mais significativos sobre a Cistatina C. Caso queira saber mais sobre o marcador em si ou informações mais resumidas, recomendamos a leitura do blog post “Cistatina C na veterinária: um marcador renal revolucionário”, que você pode acessar clicando aqui.

Para compreendermos melhor as metodologias de análise de eficiência aplicadas no teste, precisamos fazer algumas considerações introdutórias.

O que é IRIS?

IRIS é uma sigla que representa International Renal Interest Society (sociedade internacional de interesse renal). Ela tem como missão auxiliar os médicos veterinários a compreenderem mais sobre o diagnóstico, causas e tratamento de doenças renais em cães e gatos.

Por este motivo a IRIS investiga maneiras de melhorar a precisão de avalição dos primeiros sinais de doenças renais, explora novas terapias e divulga orientações e diretrizes internacionalmente reconhecidas a respeito do diagnóstico e tratamento da doença renal em pequenos animais.

O estudo a seguir considera os guidelines da IRIS para atestar a confiabilidade, especificidade e precocidade da Cistatina C em relação a IRA e DRC.

Estadiamento da DRC de acordo com a IRIS

A sociedade internacional de interesse renal classifica a DRC em 4 estágios, sendo o grau I o inicial e o grau IV o mais severo. O estadiamento da DRC é, por protocolo, baseado inicialmente na mensuração de creatinina sérica ou SDMA em 2 dosagens seriadas.

A IRIS também indica o sub estadiamento através da determinação da relação proteína/creatinina urinária (UPC) ou mensuração da pressão arterial. Exames de imagem e obviamente um minucioso exame clínico também são indicados para a determinação da DRC.

O primeiro grau de DRC é determinado pela IRIS com creatinina e SDMA dentro da faixa de normalidade, mas próximos do limite máximo em duas dosagens:

Creatinina: < 1,4 mg/dl para cães e < 1,6 mg/dl para gatos

SDMA: < 18 mg/dl

Também são considerados estadiamentos no grau I os gatos que são incapazes de concentrar a urina sem causa não renal identificável, palpação renal anormal, achados anormais em exames de imagem, resultados anormais de biópsia renal e proteinúria de origem renal.

Porém, existem dois gargalos quanto aos marcadores clássicos para a determinação desse primeiro grau, que também é o mais crucial para o diagnóstico e tratamento da DRC.

O problema com a creatinina

O primeiro deles é o fato de a creatinina ter baixíssima sensibilidade para avaliar graus discretos de perda renal. Isto ocorre principalmente por ser um marcador funcional e não celular.

De acordo com vários estudos científicos a creatinina eleva a partir de 65% de comprometimento da função renal. Além disso ela pode sofrer alterações pela massa muscular, alimentação, outras afecções concomitantes e até mesmo por variação individual.

O problema com o SDMA

O SDMA sofre menos interferência que a creatinina, mas é considerado um teste dispendioso e ainda controverso para o diagnóstico do estadiamento I da IRIS. Estudos recentes apontam animais falso positivos para o estadiamento I dentro da faixa superior (14 µg/dl) com exames seriados.

Trabalhos científicos também sugerem um aumento da faixa para a classificação de DRC para 18 µg/dl. Ainda encontramos diversos trabalhos equiparando os resultados da creatinina com o SDMA.

Por todos estes motivos a comunidade científica tem buscado novos parâmetros para a avaliação da função renal, que possam correlacionar-se efetivamente com a TFG, sofram menos interferências extra-renais, sejam práticos e de fácil acesso.

E é neste contexto que a Cistatina C vem sendo estudada e tem mostrado resultados extremamente positivos tanto para o diagnóstico precoce da DRC quanto da IRA.

Cistatina C aplicada à IRA

Trabalhos conduzidos em cães internados na UTI, com alto fator de risco para o desenvolvimento da IRA, demostraram a eficiência da Cistatina C na identificação precoce dos animais com insuficiência renal aguda. Foram utilizados no trabalho 28 cães em estado crítico e 19 cães para o grupo controle e determinação dos valores de referência (sem alterações renais clínicas e laboratoriais).

Foram dosados a creatinina e a Cistatina C nos tempos 0, 24, 48 e 72 horas da internação. O débito urinário foi medido através de sistema fechado para os animais internados na UTI. Para a classificação da IRA foi utilizado os critérios da IRIS: creatinina acima de 1,6 mg/dl ou aumento de 0,3 mg/dl a cada 24 horas e diminuição do débito urinário (< 1ml/kg/h ou anuria).

O valor de referência adotado para a Cistatina C foi de 0,57 a 1,29 mg/dl, obtida dos 19 cães considerados no grupo controle.

Os animais foram classificados em três estágios da IRIS: 57,8% no estágio 1, 31,5% no estágio 2, 10,5% no estágio 3 e 32,1% não apresentavam lesão renal.

Resultados e conclusões

A incidência de IRA foi de 67,9% com base na IRIS e 78,6% com base na dosagem de Cistatina C.

O aumento da Cistatina C ocorreu nas primeiras 24 horas e a creatinina somente após 48 horas da internação e em 25% dos animais. Estes 25% dos animais foram classificados com IRA pela diminuição do débito urinário.

INTERNAÇÃO TEMPO “0”

72 HORAS

IRIS

36,8%

67,8%

CISTATINA C

40,9%

78,6%

O trabalho comprovou o resultado da maioria dos estudos existentes com relação a dosagem de creatinina para o diagnóstico e acompanhamento da IRA. A creatinina só aumenta após 48 a 72 horas depois do início das lesões, fato que dificulta o diagnóstico e consequentemente a intervenção e o tratamento. Contudo continua sendo importante a mensuração da creatinina para a avaliação da evolução da lesão renal.

A Cistatina C apresentou valores elevados, acima do valor de referência, na maioria dos animais avaliados na UTI no momento zero da internação comprovando sua utilização como marcador precoce da injúria renal aguda. Sendo assim, a mensuração da Cistatina C tem seu maior impacto na admissão na UTI, o que é crucial para o diagnóstico e estabelecimento de terapias efetivas para a IRA.

Cistatina C aplicada à DRC

Trabalhos realizados com cães diagnosticados com doença renal crônica e estáveis demonstrou uma maior eficácia da Cistatina C para detectar o estágio inicial da doença. Foram utilizados no estudo 41 cães com DRC, estáveis e 10 beagles saudáveis para o grupo controle.

Foram dosados a creatinina, Cistatina C e o SDMA para o estadiamento da DRC, de acordo com os critérios da IRIS. Os cães encontravam-se nos seguintes estágios da IRIS:

ESTÁGIO 1ESTÁGIO 2ESTÁGIO 3

ESTÁGIO 4

46,2%

17,9%33,3%

2,6%

 

Resultados e conclusão

A sensibilidade dos níveis de creatinina, SDMA e Cistatina C foram (total):

SENSIBILIDADECREATININA SDMACISTATINA C

58,3%

69,2%

76,9%

A sensibilidade dos níveis de creatinina, SDMA e Cistatina C entre os cães do grupo controle e os cães com DRC no estágio I da IRIS foram:

SENSIBILIDADECREATININA SDMACISTATINA C

22,2%

50,00%

66,7%

 

O estudo demonstrou que a Cistatina C foi o biomarcador mais eficaz para detectar a doença renal crônica em estágios iniciais. Ela correlacionou-se significativamente com a IRIS dos estágios I e II enquanto a creatinina e o SDMA não.

Além disso a Cistatina C demonstrou maior sensibilidade do que os indicadores convencionais creatinina e SDMA em paciente com DRC. Também devemos destacar que a Cistatina C foi significativamente maior em cães com DRC do que nos cães controle saudáveis.

Como realizar o teste de Cistatina C?

Imunofoco IF 1000, analisador de imunofluorescência

A Foco Vet comercializa os melhores equipamentos para diagnóstico in vitro de diversas categorias (hematologia, bioquímica, urinálise e muito mais). A Cistatina C é uma testagem realizada utilizando a tecnologia de Imunofluorescência, encontrada em nosso analisador Imunofoco IF 1000.

Trata-se de um analisador de imunofluorescência que permite a execução de uma ampla gama de testes, dentro da própria clínica, hospital ou laboratório, de forma prática, eficaz e com muita economia.

São diversos testes disponíveis que auxiliam o diagnóstico, o acompanhamento de doenças e dos procedimentos clínicos, com maior eficiência, rapidez e efetividade, para que o médico veterinário possa tomar decisões de forma ágil e com toda precisão.

Dentre eles destaca-se, justamente a Cistatina C. Disponível para cães e gatos, a Cistatina C do equipamento Imunofoco trabalha com anticorpos específicos para cada espécie, com alto coeficiente de detecção e uma linha de classificação simples e baixa para a determinação na injúria renal, menor que 1,2 mg/l para cães e menor que 7 mg/l para gatos.

São somente 3 passos simples para a realização do teste, baixo volume de amostra (10 µL para cães e 75 µL para gatos) e 10 minutos para o resultado. Uma verdadeira revolução do diagnóstico da IRA e DRC.

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Referências

Souza E. M., Arndt M.H.I., Gomes M.G., Val A.C., Leme F.P. 2018. Cistatina C sérica em cães criticamente enfermos em UTI. Brasilian Journal of Veterinay Research. 38(10):1981-1988

Leme F.P., Souza E.M., Paes P.R.O., Gomes M.G., Muniz F.S., Campos M.T.G., Peixoto R.B., Melo P.D.V., Arnd M.H.L., Val A.C. 2021. Cystatin C and Iris: Advances in the Evaluation of Kidney Function in II Dog.Frontiers in Veterinay Science. Volume 8. Artc.721845.

Kim J., Lee C.M., Kin H.J. 2020. Biomarkers for chronic kindney disease in dogs: comparison study. The Journal of Veterinary Medical Science.82(8): 1130-1137

Ghys L., Paepe D., Smets P., Lefebre H., Delanghe J., Daminet S. 2014. Cystatin C: A New Renal Marker and Its Potential Use in Small Animal Medicine. J Vet Intern Med. 28: 1152-1164

http://www.iris-kidney.com/

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