Parâmetros da Urinálise Veterinária

Conheça os Parâmetros da Urinálise Veterinária

A avaliação química da urinálise veterinária é, possivelmente, a técnica de análise de urina que mais traz respostas sobre a saúde de um paciente. Se na análise física avaliamos volume, cor, odor e aspecto, na química quem ganha luz são os parâmetros bioquímicos, como a bilirrubina, hemoglobina e proteína, para citar apenas alguns.

Para a realização desse exame podemos utilizar um analisador bioquímico ou então a poderosa dupla formada por fitas de urina + equipamento analisador para urinálise. E é sobre os principais parâmetros desta forma de análise que falaremos hoje!

Antes de começarmos…

A urina, por conter importantes metabólicos do organismo, sofre alteração rapidamente logo após a coleta.  Desta forma, para que tenhamos um exame acurado, a amostra deve ser processada o mais rápido possível e não deve conter conservantes.

Preparamos, inclusive, um post lotado de dicas para uma urinálise perfeita que você tem que conferir antes de seguir adiante com nosso artigo. Você sabia que luz solar, a forma como lidar com as almofadas das tiras, umidade do ar e mais uma infinidade de aspectos podem atrapalhar seus exames? Você não pode perder essas dicas. Para acessá-las, basta clicar aqui.

Além disso, nossa série sobre parâmetros já trouxe posts falando sobre os hematológicos e os bioquímicos! A leitura desses blogposts também é obrigatória para quem quiser levar seus conhecimentos sobre o diagnóstico in vitro veterinário ainda mais a fundo.

Agora, sim. Vamos a eles. Preparados?

Os parâmetros da urinálise veterinária

Cetona

Normalmente este parâmetro está ausente (ou traços) em amostras normais. Caso seja identificado, sua presença nos indica problemas com a ingestão ou com o metabolismo das gorduras e carboidratos.

Diabetes, alterações endócrinas, diarreia, febre, inanição e baixa ingestão de carboidrato são exemplos de aumento de corpos cetônicos na urina. Amostras com alta ou baixa densidade podem apresentar traços neste exame.

Também vale a pena pontuar que urinas altamente pigmentadas (por alimentação ou medicamento) e com grandes quantidades de levedopa podem apresentar resultados falsos positivos.

Leucócitos

Como dito anteriormente, em nossa série especial focada na urinálise, as tiras não realizam análise quantitativa, portanto elas não contam os leucócitos. O que fazem é medir presença de esterases de granulócitos (método químico).

Por isso podemos encontrar resultados positivos mesmo na ausência de células observáveis, se os leucócitos estiverem lisados. Concentrações elevadas de glicose ou alta densidade podem causar resultados faltos negativos assim como o uso de antibióticos. Também: as tiras de urina não reagem com linfócitos e por isso é importantíssima a análise do sedimento para a verificação deste parâmetro.

Nitrito

Assim como a cetona, o nitrito está normalmente ausente nas amostras normais de urina. Este parâmetro é o produto da redução do nitrato presente na urina pela ação de bactérias patogênicas produtoras de redutase e sugere bacterinúria.

Resultados falsos negativos podem ocorrer quando a infecção do trato urinário é causada por bactérias que não produzem redutase, concentrações altas de ácido ascórbico ou tempo curto de retenção urinária (menos de 4 horas).

Já os falsos positivos podem ocorrer quando a amostra é contaminada com material fecal, rico em bactérias redutoras de nitrato. Excluindo-se a contaminação por material fecal, a presença de nitrito na amostra de urina sugere a realização de urocultura.

Urobilinogênio

Este é outro dos importantes parâmetros da urinálise veterinária, e é resultante da redução da bilirrubina conjugada pelas bactérias intestinais e é eliminado na urina em pequenas quantidades. O aumento do urobilinogênio na urina indica hepatopatias e icterícias hemolíticas.

Já a sua diminuição indica obstrução parcial ou total das vias biliares, diminuição da absorção intestinal, nefrites e uso de alguns antibióticos. Alguns medicamentos com coloração vermelha intrínseca, em meio ácido, podem produzir resultados falsos positivos assim como o aumento da temperatura ambiente (o que aumenta a reatividade da tira).

Falsos negativos são observados em amostras com elevada concentração de formaldeído.

Bilirrubina

Normalmente nenhuma bilirrubina é detectável na urina, mesmo pelos métodos mais sensíveis. Mesmo quantidades vestigiais de bilirrubina são suficientemente anormais para exigir mais investigação.

Este parâmetro pode ser causado pelo aumento da produção de bilirrubina conjugada decorrente da hemólise, doenças hepáticas ou obstrução biliar, associadas ou não a disfunção renal.

Alguns constituintes da urina, como medicamentos e indicativos urinários, podem produzir uma coloração amarelada ou avermelha da do papel de teste. Tal coloração pode interferir na interpretação do resultado. Concentrações altas de ácido ascórbico podem causar falsos negativos.

Glicose

Via de regra não há glicose na urina, pois toda ela é filtrada e reabsorvida pelos túbulos. Para os casos não ideais, a glicosúria tem diversas causas e pode ser:

  • Fisiológia – estresse com liberação de adrenalina e corticoides, aumento na ingestão de carboidratos);
  • Farmacológica ou patológica;
  • Hiperglicêmica (acompanha a glicose sanguínea) – diabetes, pancreatite, hiperadrenocorticismo, lesões no sistema nervoso central;
  • Normoglicêmica (não há aumento da glicose sanguínea) – lesão nos túbulos contornados proximais, síndrome de Fanconi, insuficiência renal aguda e lesões renais causadas por medicamentos ou toxinas.

O teste das fitas urinárias é específico para a glicose e nenhuma substância excretada na urina, que não a glicose, dá um resultado positivo.

Encontramos falsos positivos somente em amostras contaminadas por glicose ou agentes de limpeza, como o hipoclorito e peróxido. O ácido ascórbico e cetona em altas concentrações podem causar falsos negativos.

A reatividade do teste de glicose diminui à medida que densidade da urina aumenta. A reatividade também pode variar com a temperatura.

E os demais parâmetros da urinálise veterinária?

Proteína, PH, densidade, hemoglobina… ainda há muitos outros parâmetros a serem trabalhados. E eles estarão no Blog Foco Vet em breve! É a nossa próxima postagem e ela já está quase pronta.

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Até a próxima!

Médico Veterinário

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