Sangue em Tubos e aparelho hematológico

Hematologia: escolhendo os equipamentos veterinários ideais

Se você leu nosso blog post que dava 5 dicas essenciais para quem quer abrir um laboratório veterinário, já está preparado para dar o próximo passo: mergulhar no mundo dos equipamentos veterinários ideais para seu laboratório, clínica ou hospital.

Chegou a hora de entendermos melhor sobre as tecnologias, especificações e demais características dos aparelhos hematológicos disponíveis no mercado. Uma tomada de decisão consciente é o primeiro passo para o seu sucesso. E estamos aqui para ajudar você com isso!

Então vamos lá…

I – Tecnologias dos equipamentos veterinários

Impedância elétrica

A contagem de células através da impedância elétrica foi primeiramente descrita por Wallace Coulter em 1956. Como essa tecnologia funciona?

Primeiramente, após serem mergulhadas em diluentes com boa condutividade elétrica (já que por si não são tão condutivas), as células sanguíneas são orientadas em um fluxo laminar e interceptadas, uma a uma, por uma corrente elétrica.

Em seguida os pulsos gerados são amplificados e contados num volume de sangue pré-determinado. O número de pulsos obtidos durante o ciclo de contagem é correspondente ao número de células contadas. Quanto maior a corrente elétrica, ou seja, a intensidade do pulso elétrico, maior o tamanho da célula.

Desta forma, por esse método são contados os eritrócitos (hemácias) e, em outra diluição e, após a lise das hemácias, são contados os leucócitos e as plaquetas. Muito interessante, certo?

Colorimetria

O princípio da colorimetria é a absorção de luz pela matéria, que permite determinar a concentração de substâncias presentes numa solução.

Neste caso, no sangue, a colorimetria é utilizada para determinar a concentração de hemoglobina. Após a lise das hemácias (fase crucial), o sangue é submetido a um comprimento de onda específico. O resultado disso é a determinação da concentração de hemoglobina. Se a lise das hemácias for incorreta teremos uma determinação errada da hemoglobina.

Citometria de fluxo e laser

É a tecnologia utilizada nos aparelhos hematológicos mais avançados. As células, em suspensão, são orientadas em um fluxo laminar e interceptadas, uma a uma, por feixes de luz (laser).

Assim, o laser incide sobre cada célula e sofre desvios que são reconhecidos pelos sensores de acordo com sua complexidade de tamanho, núcleo e granularidade (super detalhamento). As informações provenientes dos sensores são agrupadas e expressas em histogramas e em scatter-plots tridimensionais e multicoloridos.

É a tecnologia mais acurada para prover a diferencial leucocitária e a contagem de plaquetas.

II- Reagentes hematológicos para veterinária

Se você leu a seção acima, já conseguiu perceber o quão importante a etapa de lise das hemácias é. A isto vamos adicionar um fato: a resistência das hemácias dos animais é maior que a das hemácias humanas.

Desta forma, o uso de reagentes que respeitem as especificidades celulares dos animais é primordial para um resultado verdadeiramente acurado. É necessário que exista em sua estrutura material químico capaz de promover uma lise eficiente 100% dos casos, ação garantida apenas com o uso de reagentes veterinários.

Como consequências, em equipamentos que trabalham com impedância elétrica, a lise incorreta afeta diretamente a contagem correta das plaquetas e leucócitos e a mensuração da hemoglobina.

Não resolvido o erro, é bastante comum, por exemplo, a entrega de altos resultados em plaquetas ou em leucócitos totais. A incongruência pode ser facilmente provada com a contagem na câmera de Neubauer.

O mesmo problema ocorre nos equipamentos que têm em sua estrutura tecnologia para colorimetria. A lise incorreta afeta a concentração e, consequentemente, a determinação dos números referentes à hemoglobina.

Não é possível ser displicente com este aspecto. Reagentes humanos para células humanos, e veterinários para células animais. : )

III – Aparelhos Hematológicos Veterinários

Contadores hematológicos de 3 partes

Essa é uma denominação feita pela medicina humana para os equipamentos que trabalham com impedância elétrica e colorimetria e é também usada na medicina veterinária. Aparelhos hematológicos e equipamentos hematológicos, dentre outros, também são nomenclaturas comuns.

Antes de tudo, é importante frisarmos a importância de que os equipamentos sejam feitos para uso veterinário. Nestes equipamentos, os únicos capazes de garantir acurácia e fidedignidade nos resultados, os canais são separados por espécie (como os da linha BC,
encontrados aqui), diferentemente dos equipamentos humanos que têm somente um canal e uma calibração.

É comum, porém, encontrarmos equipamentos humanos sendo usados na medicina veterinária. A justificativa é que há uma calibração que viabiliza que esses testes sejam feitos com a “mesma qualidade”.

O que há é uma série de adaptações no tempo de lise, assim como no volume de reagentes utilizados. Estes ajustes no software não garantem a acurácia do resultado porque, apesar de simularem equipamentos verdadeiramente veterinários, há uma enorme barreira que a falta de canais por espécie e o uso de reagentes apropriados para a lise de células animais geram.

Os de 3 partes mensuram as células vermelhas totais, hematócrito, hemoglobina, plaquetas e células brancas totais. Também mensuram outros índices hematimétricos como RDW, MCHC, MCH, MCV, PDW dentre outros (para compreender mais sobre os parâmetros da hematologia veterinária clique AQUI).

Estes equipamentos, por utilizarem tecnologias quantitativas, liberam a diferencial leucocitária em 3 partes. A impedância separa as células brancas em pequenas, médias e grandes, que são descritas no aparelho como linfócitos (células pequenas), monócitos/basófilos/eosinófilos (células médias) e neutrófilos (células grandes).

Por esse motivo, para que tenhamos um hemograma completo, é obrigatório fazermos a diferencial leucocitária através de esfregaço sanguíneo.

Contadores hematológicos de 5 partes

Os equipamentos de 5 partes possuem, assim como os equipamentos de três partes, impedância elétrica e colorimetria. O grande salto geracional em tecnologia está no uso do laser para a contagem celular.

Atualmente há poucos fabricantes de equipamentos desta linha no mundo, mesmo para a linha humana. Desta forma, há ainda menos para a linha veterinária, o que requer alto conhecimento sobre os equipamentos e suas validações.

Estes equipamentos, por utilizarem tecnologias quantitativas e qualitativas, liberam a diferencial leucocitária em 5 partes. O laser, com toda sua capacidade de precisão, separa as células brancas em linfócitos, eosinófilos, basófilos, monócitos e neutrófilos.

Além disso, a acurácia para plaquetas, células brancas totais e células vermelhas totais é muito maior porque estes índices são medidos e confrontados em 2 tecnologias diferentes: impedância elétrica e laser.

A adição do laser aumenta porte, acurácia e, naturalmente, o valor do investimento. Por esta razão é importantíssimo que somemos as informações sobre volume de exames, experiência do operador, objetivo do laboratório e mais uma série de fatores sobre os quais já falamos anteriormente aqui no blog.

Nosso próximo passo vai ser compreender mais sobre as soluções para bioquímica veterinária, suas particularidades, segmentações e, finalmente, escolher aquela que mais se adéqua aos objetivos globais do seu centro de diagnóstico.

Você não pode perder. Até lá, você pode conferir nossos equipamentos bioquímicos aqui, e em breve falaremos sobre eles! Até a próxima!

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