cálcio na veterinária

Eletrólitos na veterinária: a importância do cálcio

Com a democratização da dosagem de eletrólitos, proporcionada pelas novas tecnologias de análise (de uso mais simples e menor custo), torna-se imperativo saber mais sobre eles e seu importante poder diagnóstico. Foi pensando nisso que nossa equipe decidiu desenvolver uma série de blog posts focada no tema! Você já pode conferir os conceitos essenciais para compreendê-los e também conhecer aspectos fisiológicos do sódio e do potássio. Dando continuidade à série, os holofotes hoje estão sobre o cálcio. Afinal, qual a sua importância?

O que é cálcio?

Trata-se do principal ânion extracelular e pode ser encontrado no sangue na forma livre ou ligado a proteínas plasmáticas (principalmente a albumina). Ele está amplamente distribuído no organismo e tem fundamental importância em diversas funções do corpo do animal.

Por exemplo: o cálcio participa da contração muscular, coagulação sanguínea, diversas atividades enzimáticas, excitabilidade neuronal, secreção hormonal, homeostase sanguínea, além de ser o principal componente do tecido ósseo. Ufa! E só citamos algumas de suas participações na fisiologia.

Quase sua totalidade (por volta de 99%) encontra-se na matriz óssea inorgânica. O remanescente está na membrana plasmática e retículo endoplasmático (0,9%) e no fluido celular (apenas 0,1%).

Aproximadamente 50% do cálcio extracelular está na forma biologicamente ativa, e a esta forma damos o nome de cálcio iônico ou ionizado (Ca²⁺). Perto de 35% do seu total está ligado a proteínas plasmáticas, principalmente a albumina. O restante, cerca de 10 a 15%, está quelado com ânions, como por exemplo o fosfato, bicarbonato, lactato e citrato.

Como cálcio quelado e o ligado a proteínas são biologicamente inativos, para termos uma dosagem acurada se faz necessário considerarmos o cálcio iônico. Vale a pena falar que é até possível calcularmos o seu resultado a partir do total de cálcio no organismo ao proporcionarmos com o resultado da albumina. Porém, esta modalidade é passível de erro e não é a mais recomendada. Especialmente se os valores analisados estiverem diferentes dos normais encontrados no organismo do animal.

Por conta do dito acima, o padrão ouro para este tipo de dosagem está no teste realizado com cálcio iônico, como o disponibilizado a baixo custo no EC 90, analisador de eletrólitos com o qual trabalhamos.

Metabolismo do cálcio

A regulação é feita pelo sistema endócrino e envolve a vitamina D, paratormônio e calcitonina. O paratormônio é um hormônio proteico produzido pelas glândulas paratireoides e tem a função primordial de regular a quantidade de cálcio livre no sangue, principalmente quando o organismo percebe a diminuição deste íon.

As células da paratireoide detectam a diminuição do cálcio no sangue e liberam o paratormônio que, por sua vez, aumentam a absorção intestinal e renal além de mobilizar rapidamente o cálcio e fósforo dos ossos.

Já a sua excreção é concomitante com a do sódio, originalmente. Os fatores que influenciam e regulam o transporte do sódio no túbulo proximal nos rins também regulam o cálcio (como adiantamos no nosso material sobre o sódio).

No entanto, o paratormônio aumenta muito a reabsorção do cálcio sem afetar o sódio. Além disso, ele também diminui a reabsorção renal de fósforo elevando-o na corrente sanguínea e estimula a conversão da vitamina D para a forma ativa, calcitriol. Ela, por sua vez, aumenta a absorção intestinal do cálcio.

A secreção de paratormônio por longos períodos acaba promovendo uma maior reabsorção óssea por inibir a função osteoblástica e por estimular a função osteoclástica. Vale lembrar que a vitamina D e o paratormônio são importantes reguladores do crescimento e remodelamento ósseo.

A calcitonina é produzida pelas células parafoliculares da tireoide (as células C), e tem a função de reduzir a concentração plasmática do cálcio. A calcitonina aumenta a captação celular do íon, assim como sua excreção renal e estimula a formação óssea. No entanto seus efeitos no metabolismo dos ossos são muito menores do que os efeito do paratormônio e da vitamina D.

Como sabemos, os cães e gatos não produzem a vitamina D através dos raios UVB como nós, seres humanos. Por esse motivo é necessário que toda a vitamina D seja proveniente da alimentação.

O colecalciferol, ingerido através da dieta, é absorvido pelo intestino e levado até o fígado ligado a VDBP (proteína de ligação da vitamina D). No fígado, o colecalciferol sofre hidroxilação e transforma-se em calcidiol. Por sua vez, o calcidiol é transportado para os rins, ligado a transcalciferina (alfa globulina produzida pelo fígado). Somente então, é transformado em calcitriol, a forma ativa da vitamina D.

Desta forma, o rim regula a produção de vitamina D através dos níveis plasmáticos de cálcio, fósforo e paratormônio. A forma ativa da vitamina D, o calcitriol, estimula o intestino delgado a sintetizar a proteína ligadora de cálcio, que promove o seu transporte intracelular.

Resultado da descompensação de cálcio no organismo

Quando o consumo e/ou a perda de cálcio não estão equilibrados, a concentração sanguínea se altera e teremos:

Concentrações baixas -> hipocalcemia

Concentrações altas -> hipercalcemia

Hipocalcemia

Como observamos acima, o cálcio está envolvido em inúmeras funções orgânicas, logo se entende que a hipocalcemia gera diversos sinais clínicos em cães e gatos.

Ela pode estar associada à hipoalbuminemia, uma vez que o cálcio se liga principalmente a esta proteína. Por isso, nos casos de hipocalcemia devemos sempre checar as funções hepáticas e renais.

A baixa de cálcio no sangue também pode ser causada por má absorção intestinal, insuficiência renal (pela menor produção e ativação da vitamina D), doenças hepáticas, em casos de eclampsia e hipoparatireoidismo.

Na pancreatite aguda também encontramos hipocalcemia e devemos associar a dosagem de lipase, amilase e hemograma (leucocitose com neutrofilia) para o fechamento do diagnóstico.

Na pancreatite aguda temos um aumento dos ácidos graxos, pela ação da lipase. Estes ácidos graxos combinam-se com o cálcio e o torna indisponível no sangue.

Os gatos estão mais sujeitos a hipocalcemia nos casos de hipertireoidismo, enemas e obstrução uretral (associado a hipercalemia e hipernatremia).

Outros sinais clínicos resultantes da hipocalcemia são irritabilidade, taquipneia, hipertermia, distúrbios de coagulação, tremores musculares, arritmias cardíacas, irritabilidade, raquitismo, osteomalácia, tetania e convulsões (em casos mais graves).

Hipercalcemia

Esta descompensação é mais rara e pode ser causada pela intoxicação por vitamina D, dietas ricas em cálcio, neoplasias, doenças granulomatosas, insuficiência renal aguda ou crônica,  hiperparatireoidismo primário e hiperparatireoidismo secundário renal (Somente nos processos iniciais.

Detalhe: com a evolução do hiperparatireoidismo secundário renal, o animal apresentará um aumento do fósforo sérico e uma hipocalcemia com possível fragilidade óssea.

Para a dosagem de cálcio, é recomendável que o animal esteja em jejum para a coleta de sua amostra já que uma lipemia, por exemplo, pode levar a um falso resultado de hipercalcemia.

Alguns dos sinais clínicos mais típicos do excesso de cálcio no organismo são: vômitos, fraqueza muscular, bradicardia e depressão do sistema nervoso central, poliúria e polidipsia.

A hora é agora

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Em breve traremos uma análise super completa sobre cloro. Quer entender um pouco mais sobre sua função no organismo, de onde o obtemos e quais são os impactos de seu desbalanceamento? É só ficar de olho em nosso blog! Uma boa sugestão é nos seguir no Instagram, LinkedIn ou Facebook. Desta forma você não perde nenhuma das nossas novidades e fica em dia com todos os nossos conteúdos!

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